sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Possuir-te pela voz

(Foto de Maria Flores Olhares.com)


Prendo,
Com um sopro de vento
Palavras soltas
À flecha que invento...

Punhado de letras
(que me sai do coração)
Viravolteia como um pião
No calcanhar do poema...

Aferram-se-me aos dedos
(Vou ter que os sacudir!)
Como um filho se aferra
Às saias da Mãe na hora de partir...

Esta flecha que vou lançar
Aos confins da tua boca
É para rasgar o silêncio
Do verso que fica em mim...

Vai carregada
De ponta armada
Com os pontos cardeais
Da tua garganta...

Palavras minhas que vão
Furar por dentro o muro do eco

E nem que não queiras,
Hão-de dançar-te na boca
E possuir-te pela voz!

(Carmen Cupido in "Corpo do Poema")

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